terça-feira, 14 de dezembro de 2010

OS EFEITOS DO EXCESSO NA MÍDIA

Você chega em um local para se reunir com os amigos, e de repente, começam a conversar sobre determinado assunto. Sobre que foram à praia, por exemplo. Daí, o amigo ao lado lembra de que vocês foram a praia justamente no domingo, o mesmo dia em que ele ficou com aquela gata, e que convidou ela para jantar e que ainda, naquele mesmo dia foi pra melhor balada da vida dele com ela. Pegando carona, o outro amigo que ainda vem chegando na roda, ouve o assunto pela metade, pensam que de fato estavam falando do dia, e não do que aconteceu naquele dia (o passeio a praia, no caso) e fala de suas experiências. Que naquele dia, fez dois anos que terminou o namoro, e que e a menina, que no início sofreu muito e que já esta com outro carinha que é gay. Ai, você que ia falar do passei da praia, acaba também indo no bondinho dos outros assuntos e ai falar de quem é o caso do carinha gay. Notou como muitos relatos ao mesmo tempo pode atrapalhar em alguns casos? No exemplo, seria simplesmente o que você iria dizer que aconteceu na praia naquela tarde de domingo, mas, acabou contaminado pelo excesso de relatos, e perdeu o foco do que iria contar. Isso acontece muito simplesmente. Contudo, em alguns casos, é preciso ter cautela. Vejamos aqui, o exemplo do polêmico site WikiLeaks e toda a investigação travada em torno do seu criador, o australiano Julian Assange.
Vamos ver tudo par e passo, pra que você entenda, onde estamos querendo chegar.

Há duas semanas, na sexta-feira dia 3 de dezembro, a organização WikiLeaks sofria o mais duro golpe desde que começara a publicar em seu site os segredos – uns inconfessáveis, outros não tão secretos assim – da diplomacia norte-americana.
Naquele dia, o WikiLeaks, o site, chegou a ficar seis horas fora do ar por ação de hackers que, das duas, uma: ou gostam muito de guardar os segredos alheios ou foram recrutados pelos EUA a peso de ouro. A ação, ou melhor, a ciber-reação contra o WikiLeaks foi tão pesada que o site teve que mudar de endereço para voltar a estar disponível na web com todas as suas… altas indiscrições, por assim dizer.
No calor daquela queda de braço à distância, sem músculos, punhos cerrados ou olho no olho, mais precisamente às 7:32h daquele 3 de dezembro, um velho guru da internet (se é que os gurus da internet podem ser tão velhos assim) cantou a pedra sobre o que estava acontecendo no mundo exatamente naquele momento.

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Julian Assange, fundador do WikiLeaks, virou provavelmente o primeiro homem caçado pela Interpol por não ter usado camisinha.
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John Perry Barlow escreveu a seguinte mensagem em sua página no Twitter: “A primeira infoguerra pra valer já começou. O campo de batalha é o WikiLeaks. Vocês são os soldados”.
E ele tinha razão. Nos dias subseqüentes à já célebre tuitada de Barlow, o cerco ao WikiLeaks se fechou: o site foi expulso do servidor norte-americano Amazon, as operadoras de cartão de crédito Visa e Mastercard cancelaram as contas de doações online por onde a organização captava recursos para se manter e, por fim, o fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, entregou-se à polícia em Londres após a emissão pela Interpol de uma ordem internacional de prisão contra ele referente a uma acusação de “crime sexual”.
Aí, as coisas começam a mudar! Um monte de coisas começaram a recair sobre o homem do polêmico site. Depois que ele, ficou 24 horas perseguido e por causa disso, tinha que dormir em uma residência física diferente a cada dois dias, não faltaram casos estourando a cerca da vida do homem. Exemplo disso é o caso de uma menina que foi dar queixa a polícia contra Julian Assange “só” (coloco entre aspas, pelo absurdo de denuncia que ela fez, enquanto a polícia investigava como um homem trabalhava tido para ela, como anarquista) porque ele tinha feito sexo sem preservativo com ela. Queixa essa, prestada a polícia estranhamente dez dias após o tal crime ter acontecido. Estranho não? Pois então, veja essa outra: a tal mesma menina, publicou em janeiro deste ano no seu blog um post intitulado “Sete passos para uma vingança judicial”, um guia sobre como incriminar alguém usando acusações ligadas ao sexo. A autora do manual de vingança sexual é colaboradora de sites financiados pela Usaid, agência do governo dos EUA ligada ao Departamento de Estado norte-americano.
Ou seja, a polícia começava a ter que abrir espaço para investigar um caso de relação íntima, onde você tem o livre arbítrio (só seria crime, se o sexo fosse à força, concorda?) porque a menina foi para a cama sem camisinha! Em outras palavras: Julian Assange, fundador do WikiLeaks, virou provavelmente o primeiro homem caçado pela Interpol por não ter usado camisinha.

E cabe aqui outro tópico, para você ver como o caso merece uma investigação mais aprofundada. Mastercard e a Visa continuam intermediando o recebimento de doações à Ku Klux Klan, famigerada organização racista norte-americana, o que indica que a rejeição das duas operadoras ao WikiLeaks não é propriamente moral.
É tanta gente, é tanta informação na mesma hora, que, as preciosas informações que estavam começando a aparecer estão começando a ficar opacas. Uns, dizem que o WikeLeaks, presta serviço á comunidade, outros arriscam que o site esta tornando o mundo um lugar menos seguro. Desse jeito, nos vamos perder a isca. Que é investigar! Jornalista bom tem que saber separar o joio do trigo. Vimos em excesso nos últimos impressos, teles, e na Web, vários artigos, matérias e reportagens mudando o foco do que vinham escrevendo há dias! Basta uma nova informação, e já acham que merecem uma nova capa, na tentativa =de seduzir os leitores vendendo o que não escrevem. Vejamos O Povo, por exemplo, publicou na semana passada sobre o WikeLeaks, simplesmente porque entre os documentos do site, havia citações de Fortaleza. Acharia muito mais interessante e importante, falar sobre as investigações do assassinato do Padre Josenir, que este mês fez um mês, ou sobre a inflação em Fortaleza que bateu recorde. Não acham? Mais é assim mesmo. Quando vem a informação vem em excesso, acontece o efeito dominó: o assunto vai mudando, e a real importância vai ficando de lado, ate que algum pensamento genial ressucite-á, se achar que ele merece crédito.

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