quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ARMAS EM CIRCULAÇÃO INDICAM VULNERABILIDADE DA SOCIEDADE

O dado mostrado na edição de ontem do O POVO, na matéria indicando que nove armas de fogo são apreendidas por dia no Ceará, com base em levantamento realizado nos anos de 2009 e 2010, indica a dura realidade de vulnerabilidade a qual a sociedade está exposta diariamente. Nos dois anos foram recolhidas 6.499 armas. No entanto, isso não significou a diminuição de homicídios por armas de fogo. Segundo números da Secretaria de Segurança, foram cometidos 1.571 homicídios com esse instrumento em 2009, subindo para 2.041 em 2010 (23% a mais).

A leitura desses números revela que nem a tentativa de retirar de circulação as armas de fogo tem conseguido brecar a matança no Estado, que em dois anos registra 3.612 homicídios.

Diante desse quadro, algumas questões precisam ser debatidas sem o ranço que sempre tem marcado esse debate. A primeira delas é sobre a origem desse armamento. Nesse aspecto, um dado interessante foi apresentado recentemente pelo Sistema Nacional de Armas (Sinarm) indicando que 75,2% das armas apreendidas no Brasil são nacionais, 8,5% estrangeiras e 16,3% sem informação. Isso prova que a maioria das armas ilegais traficadas no Brasil são fabricadas aqui mesmo.

O armamento sairia legalmente das fábricas nacionais para países vizinhos e voltaria pelas fronteiras mal fiscalizadas e legislações de monitoramento menos proibitivas para uso e venda. A cada 10 armas, só duas seriam de fora do País.

Infelizmente não há no Ceará uma base de dados que possibilite o acompanhamento dessa circulação, mas acredita-se que não deva diferir muito do cenário nacional.

Outro ponto que se faz necessário aprofundar é como se dá a distribuição desse armamento ilegal. Em Fortaleza, por exemplo, a cada mês, são apreendidas de 40 a 50 armas com crianças e adolescentes. O que parece claro é que, como o comércio da droga, o de armas ilegais movimenta uma grande indústria, com cenários bem definidos. Falta, porém, determinação para quebrar as redes desse mercado que se alimenta também da corrupção lhe abrindo portas. Se assim não for encarado, como é dito na matéria, apenas estaremos enxugando gelo.

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