sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

SERÁ A RESSUREIÇÃO DA TRANQUILIDADE?


Vai terminando a semana, e apesar de nossos olhos começarem a se preparar para mirar o que fará os participantes, hora à hora, em uma casa confinados, temos também que nos voltar para um fato de suma importância.

Cronologuemos o caso para que venha a nossa tão sã compreensão. O senhor governador do estado do Ceará, Cid Gomes, foi o vencedor na disputa pelo segundo mandato a frente do estado capital do nordeste. Com sua vitória numa queda de braço difícil, (sim, difícil! Digo isso não baseado em pesquisas, uma vez que elas não comprovaram nada. Prova viva disso foi nossa joaninha Marina Silva, que saiu do meio do mato das pesquisas, e mostrou que seu verde era notório tal como limão ou abacate) com o candidato opositor tucano, Cid veio calado e fazendo ar de mistério. Talvez, vinhesse pensativo em suas ações em um primeiro momento. Pensativo não é pra menos. Porque, se é para falar de pensamento, raciocine conosco: ganhar um segundo turno, é como ter a oportunidade de se redimir dos erros e pecados. Seria como se uma fita estivesse rodando, ate que o controle remoto, secreto e intocável tal como a fórmula da coca-cola, parasse em suas mãos. Você dá simplesmente uma rebobinada, ver o que saiu feio, e com pose de diretor de cinema, manda as ordens: “vamos fazer isso daqui de novo!”. È exatamente assim: refazer. É a palavra que resume ao máximo quem ganha em um segundo mandato. E Cid, ganhou. De tanto pensar, (pensou na economia, pensou no turismo, pensou na indústria, pensou na educação, pensou na geração de empregos...), esqueceu-se talvez, do mais importante de todos os itens a serem raciocinados. A segurança. Sua escolha de classe, não era tão elegante assim. E desagradou aos espectadores de seu pensamento, como se esperassem o troco do dinheiro que lhe dera (voto, dinheiro. Trabalho, troco.)

O chique secretário de segurança e sua inseparável gravata, no primeiro turno de Cid, Roberto Monteiro, errou em diversos pontos. Aplicou uma polícia que chamou de “protetora da boa vizinhança”. Chamou não. Berrou que ela era como pregava! Adesivou o recado nas também chiques viaturas Hillux que eram usadas, cada uma com custo de mais R$ 500 mil! Mais a polícia que ele dizia ser boazinha, matava! Matou ate um inocente rapaz que vinha do trabalho na garupa do moto do pai. O motivo, pelo policial da secretaria coordenada por Roberto? Que ele chamou o motoqueiro (que não ouviu, segundo o próprio) e por isso, atirou. Mais veja, o tiro não era para ter pego no menino que tem nome de herói de filme de ficção (personagem do filme “todo poderoso”, lembra?). Era para ter pegado na moto! Mais a bala foi à grande culpada! Foi ela, quem desviou a mira como um míssel de guerra e atingiu o alvo errado. Colou? Convenhamos, que desculpa mais esfarrapada. Cadeia para o soldado. Exoneração é o mínimo. Ainda por cima, cansados de matar, os policiais em outra viatura, transaram dentro do carro e foi tudo filmado e radiado. Graça a outra proeza do secretário: Ele fez do carro de viatura do ronda, um Realyt Show de verdade. Instalou câmeras por todo o veículo. Mas nenhuma dessas obras genuínas do gravatinha deram certo. Ele vacilou. Deixou que sobre seu nariz, nascesse um filhote que ele, (reconheça!) por facilidade se deixou gerar: um novo cangaço. A era do lampião de volta ás ruas do século XXI nos municípios querendo se apossar de terras milionárias. Os bancos. E funcionou. A trupe de bandidos preparados com alta classe deixou ser vencida por Roberto.
Enfim, depois da narração do roteiro do filme, é hora de gravar. E a palavra do diretor Cid Gomes, é “Vamos rodar isso daqui tudo de novo!”

Mas antes de rodar, o elenco, chama a atenção. No meio do público, esta de mão levantada o gravatinha! Roberto das Chagas Monteiro, que muitos o julgam como um dos grandes facilitadores da bandidagem que varreu o sertão do Ceará no ano em que esteve a frente da segurança pública do estado, pede para sair. É como se ele estivesse em um treinamento do BOPE, e não agüentasse a pressão. O ora diretor, ora capitão Cid, pediu para ele sair, e ele cedeu. Claro, todos dizem aos quatro ventos por aí, que Soldado Roberto (que na verdade, tem 26 anos de polícia na vida real como delegado), pediu para sair por si próprio. Mas, quem acreditaria? Política é algo como mágica. Por trás de cada ação, á um segredo. E ao mesmo tempo, assemelha-se como lei da física: toda ação, á uma reação. E a de Roberto, teve. A reação? O fim de sua carreira de fracasso defronte a secretaria.

Enfim, Monteiro assume suas falhas e fez duras críticas ao aparelho de segurança. Tem-se a impressão de que ele foi derrotado por forças as quais ele não teve apoio suficiente para confrontá-las. Referiu-se claramente a um “grupo” criminoso de policiais, observando: “Se quiser debelar, debela(-se)”.

Ele arrumou sua sala, levou tudo o que foi seu e na despedida, deu uma entrevista ao jornal O Povo, em um espaço intitulado como “Páginas azuis”. Uma entrevista excelente por sinal. Reveladora e corajosa. Sim corajosa, pois vejam isso, Roberto assumiu ter fracassado! Admitiu o erro e se redimiu dele. Nada a declarar. Adeus Roberto. Descanse em paz, em suas terras originárias. Longe do cangaço que você deixou se proliferar.

Passado o terror, abram alas para o manda chuva do pedaço. Ali vem ele. Pose de carrasco. Intolerante para coisas supérfluas. Homem de pouca conversa quando julga desnecessário. O coronel Francisco José Bezerra Rodrigues, indicado para conduzir a Pasta, não só pelo fato de ser um integrante dos quadros da Polícia Militar do Estado, tem hábitos, costumes, formação e posições bem diferenciados do senhor Roberto das Chagas Monteiro. E chega num momento importante de extrema necessidade dos cearenses. A tocha é passada as mãos de Bezerra, e agora, é dele a missão de comandar um sentimento que esta dentro de nós: o medo. Como ele conduzirá? Só o tempo dirá. Se com afrouxo, ou se sem temor. Ou acaba ou continua.

O secretário já ditou algumas palavras que soaram como sendo de caráter questionador (não á toa, estão hoje neste blog), em entrevistas que deu á emissoras de TV, rádio e alguns jornais. Prometeu (de pés juntos) uma ação mais ostensiva por parte da polícia. Prometeu ainda disciplina policial e disse que será rigoroso para tanto. Ainda disse que criará em sua gestão a corregedoria das polícias.
Afirmou sobre uma interessante mudança: A do ronda do quarteirão. Retomando-a como uma polícia comunitária, papel que se deteriorou com rapidez impressionante.
Contudo, triste mesmo foi á sua declaração sobre a exposição de presos: “Tenho coisas mais sérias para me preocupar”, dizendo que o assunto poderia ser resolvido pelas chefias das polícias - uma espécie de liberou geral.

Algumas entrevistas no decorrer da semana e outras matérias extensas tiveram lá seu alto grau de puxa-saquismo para com o senhor novo secretário. Eu prefiro tomar um caminho diferente.

Fazemos parte de uma trupe que marcha em busca da sinceridade e do questionamento. Não é ainda a hora de fazer sala para o noviço. É hora de mostrar o mapa dos problemas. Dizer onde se precisa de mais e de menos. É o momento de sentar junto, dialogar e abrir os olhos, por mais que se use com ele, mecanismos como o do filme Laranja Mecânica. E principalmente, questionar. Eu explico: devemos questionar para que nos mostre a certeza da confiança. Este sentimento foi mutilado. O senhor Bezerra terá além de um longo trabalho pela frente.

Uma vez que este episódio de segurança no Ceará tem se comparado com roteiro de filme, passamos então nesta sátira, o comando de diretor ao senhor Bezerra. Que ele faça um bom filme. Que na fita que viu ser rebobinada, possa ser preciso nos reparos que fará nas paredes humanas que ficaram esburacadas por vários sentimentos que deixaram tormento na mente dos habitantes cearenses.
E a torcida maior, é que ele possa ter a idéia de fazer um novo filme. Algo como a “ressurreição”. Ressurreição da segurança. E se caso, o diretor queria alguma opinião do público como em uma espécie de pesquisa Vox Populi, que ele fique tranqüilo. Bateremos muito a sua porta senhor secretário. Mais não para lhe visitar, para ser a voz da pesquisa em lhe dizer o seu débito para conosco.

Luz, câmera, ação! Que inicie o filme. 

// Avelino Neto

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