sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

QUANDO OMISSÃO E DESCASO CAMINHAM JUNTOS, O RESULTADO, É A MORTE.


A morte de um paciente que buscou inutilmente atendimento de emergência em três unidades de saúde pública, nos municípios de Pacatuba e Maracanaú, revela a precária situação de atendimento médico à população desprovida de recursos financeiros. Morre-se à míngua diante de uma burocracia sem alma que quer determinar até a hora em que a pessoa pode ficar doente.

Como relata a mídia, o trabalhador Antônio Francisco Matos Ferreira tomou um ônibus da linha Maranguape-Ceasa. Quando se encaminhava para descer no distrito de Munguba, Maracanaú, ele começou a passar mal e a queixar-se de fortes dores no peito e falta de ar (enquanto as extremidades de seus dedos ficavam arroxeadas). Os passageiros aflitos pediram ao motorista para levá-lo à unidade de saúde mais próxima, o Posto de Saúde João Bruno Moura, em Pacatuba.


A unidade, porém estava fechada (o horário de funcionamento determinado pela Prefeitura é de 8h às 16h). O motorista ligou então para o Hospital de Pacatuba pedindo uma ambulância. Alegou-se que a única existente não estava disponível. A alternativa foi se dirigir à unidade hospitalar mais próxima: a Associação Beneficente Médica de Pajuçara. O paciente foi recusado sob a alegação de ali não se prestar esse tipo de assistência. Ainda se tentou, segundo o motorista, uma unidade privada que também recusou socorro.

Nesse ínterim, o paciente não resistiu e morreu à míngua mesmo tendo implorado socorro e com sinais de intenso sofrimento
e desespero.



Os postos de saúde estavam fechados por não ser hora de expediente, mas isso não é justificativa para a falta de atendimento. Deveria haver um esquema alternativo para encaminhar imediatamente pessoas em situação de emergência


Quem responderá por essa morte? Deveriam ser as principais autoridades públicas de ambos os municípios e o próprio Governo Estadual (por não ter estabelecido um esquema estratégico regional de socorro para esses casos) e também a unidade privada que sonegou socorro. Alguém fará alguma coisa? O Ministério Público poderá entrar em ação? Perguntas e perguntas... Até quando se continuará a morrer por não se ter dinheiro para pagar um atendimento particular e pela omissão do poder público? Que sociedade estamos construindo?

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