segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"A NOTÍCIA ESTA NA RUA" - QUANDO A TECNOLOGIA, É O PROBLEMA

Leio e aconselho sempre aqueles leitores assíduos de jornais, o Ombudsman do Jornal O Povo. Uma espécie de controle de qualidade do jornal. Explica-se: esta função dá ao jornalista, o dever de averiguar e construir com base em argumentos críticos, o melhoramento das matérias e reportagens de um impresso. Lamentável, que poucos vejam o que se escreve por lá. E lamentável também que outros jornais de grande circulação no estado, não se preocuparam em ter um jornalista Ombudsman em seu meio. 
Publico aqui, depois de um comentário incentivador, o artigo de domingo (12.12.2010) do O Povo. Trata de um dos grandes problemas e talvez, um dos maiores empecilhos que vem tornando difícil melhorar o trabalho de apuração dos repórteres para produzir suas notícias: a tecnologia. O Jornalista maranhense Sebastião jorge, disse uma clássica frase no meio jornalístico: "Lugar de repórter é na rua! Nada substitui o que se possa saber lá fora!". Mas, quando se tem um telefone na mesa, uma caixa de e-mails repleta de releases, e um PC conectado a internet á sua frente... Porque ir para a rua? Ouvir quem eu posso ligar? Falar com quem eu posso escrever? Ir ver o queeu posso acessar? 
O colunista Paulo Rogério, traz um artigo reflexivo sobre os argumentos citados. Uma excelente lição. E adiante, continua escrevendo mostrando o caso de que o profissional esqueceu de citar quantos jornalista compareceram e quantos votaram contra ou a favor da redução de ICMS na redução de bebidas alcóolicas.
Comprove! Aprecie e tire dai, pelo menos um motivo para se questionar da próxima vez... E não se contentar com poucas linhas de apuração. 

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Por mais que o uso do telefone ou da Internet ganhem importância para o jornalismo, nada substitui o contato pessoal com as fontes, o bate-papo na rua ou a mera observação da cidade. Pode até soar um pouco saudosista, mas a verdade é que a notícia está nas ruas, não na Redação. É preciso que o jornalista saia para encontrá-la, se livre das amarras dos releases e e-mails. Um bom exemplo foi a série de matérias do O POVO denunciando irregularidades no Hospital Municipal Dr. Eduardo Dias, em Aracati, que começou com a manchete do dia 6: “Biópsias esperam por 6 anos em hospital”.
Com dados extraídos de depoimentos em uma Ação Civil Pública, inclusive com a utilização de fotos cedidas pelo Ministério Público, a matéria ganhou força – e credibilidade - quando uma equipe do jornal foi àquele município. O repórter constatou mais problemas, teve chance de uma apuração detalhada e o principal: sentiu de perto o drama vivido por médicos e pacientes. Se repetir a fórmula e enviar repórteres às unidades de saúde do Interior, o jornal não terá dificuldade em achar a resposta para a superlotação do Instituto Dr. José Frota, em Fortaleza, um tema que foi manchete diversas ocasiões em 2010.

VOTANTES ANÔNIMOS
A Assembleia Legislativa finalmente apreciou e aprovou o polêmico pacote que diminui a taxa de ICMS para importação de algumas bebidas alcoólicas. Foi uma discussão longa e que reuniu desconhecimento, demagogia e jogo de cena. O POVO até que vinha acompanhando bem o assunto, mas na quinta-feira, ao noticiar a decisão, se restringiu ao placar da votação - 28 a 3 – e em mais discussões. O mínimo que se esperava era saber quem votou contra, a favor ou nem estava em plenário, o que não aconteceu. O jornal vive cobrando o acompanhamento do trabalho dos parlamentares por parte dos eleitores, mas falha justamente na hora de disponibilizar estas ferramentas.


Fonte: Jornal O Povo

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