quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ALGUMAS OPINIÕES DE HOJE...

>> POR UMA REMUNERAÇÃO DIGNA PARA OS VERDADEIROS MESTRES DO BRASIL

“Dê-me uma alavanca suficientemente grande e um ponto de apoio, e eu moverei o mundo”, disse Arquimedes. Possuímos uma alavanca suficientemente grande: os recursos arrecadados pelo governo. Contamos também com o ponto de apoio: a educação. E nosso objetivo é mais modesto que o do descobridor da lei do empuxo: queremos mover o Brasil.

A profissão de professor é uma das mais nobres que podem ser exercidas. Depende dela a capacidade de uma sociedade se desenvolver, de um indivíduo se desenvolver. Apenas o conhecimento diferencia uma fera selvagem de um homem civilizado.

Não podemos ignorar essa verdade: mesmo as pessoas mais inteligentes e capazes necessitaram de mestres que as guiassem, de uma maneira ou de outra, nessa empreitada chamada vida.

Infelizmente, no Brasil, apresenta-se um quadro de profundo menosprezo pelo magistério. Foi aprovado no plenário, no último dia de votação efetiva na Câmara, aumento no salário dos parlamentares, de R$16.512,00 para R$ 26.723,13, um salto de 61,83%. Esse aumento também se estendeu ao presidente da República, ao vice-presidente e aos ministros de Estado. Todos agora receberão R$ 26.723,13, um valor bem acima do piso salarial dos professores, de R$ 950,00 reais, que só recentemente foi aprovado.

Mesmo os professores dos primeiros anos são importantes na formação de uma pessoa. Definitivamente, um dos marcos na vida de uma pessoa é aprender a ler e escrever. Mas apenas os professores de nível superior são valorizados no Brasil, e mesmo assim abaixo do que deveriam.

Nosso maior pilar é o apoio popular. Apesar de existirem notórias exceções a maioria dos nossos governantes não dá a devida atenção à causa, ou pelo menos assim aparenta. Por isso, é necessário que essa intenção seja divulgada, ampliada e apoiada pelo maior número de pessoas possível, para que nosso clamor seja ouvido por todo o Brasil. Vamos reconhecer os nobres que não possuem título de nobreza, mas quase: possuem o título de professores.


Autor: Bruno Saboia é estudande de Economia da Universidade Federal do Ceará
 
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>> MEIO AMBIENTE: ÁREA DE INTERESSE PRIMORDIAL DA CIDADANIA


A saída de Lúcia Teixeira da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e o caos gerado pelas chuvas em Fortaleza são dois assuntos que prendem a atenção dos cearenses. De certa forma, ambos os episódios estão interligados à questão ambiental.
No que diz respeito às chuvas, os transtornos que atingiram a Capital nos últimos dias não são propriamente inesperados, pois repetem um padrão previsível, que se atualiza a cada quadra chuvosa. Não se poderia esperar outra coisa da natureza senão a tentativa de recuperar os leitos naturais de escoamento das águas das chuvas, ocupados por edificações e aterramentos indiscriminados. Uma consequência tão explícita já deveria ter servido para conscientizar os poderes públicos – e os segmentos empresariais – sobre a importância fundamental da preservação do meio ambiente e dos custos exorbitantes (a posteriori) para sanar as sequelas decorrentes de sua depredação.

A lição parece não ter sido aprendida, como está a indicar a recente polêmica sobre a flexibilização da legislação ambiental, em nível estadual, que levou ao pedido de demissão da superintendente da Semace, Lúcia Teixeira – uma técnica de reconhecida competência e de compromisso incontornável com o interesse público.

Sejam quais forem os argumentos esgrimidos por um lado e por outro, nessa questão, já deveria estar bem claro que iniciativas destinadas a mexer no ordenamento ambiental têm de ser precedidas de ampla discussão com a sociedade. O fato de os procedimentos seguirem os mecanismos legislativos formais (aprovação pela Assembleia Legislativa), devido a uma eventual maioria governamental, não resolve o problema político fundamental da legitimidade cidadã.

Por isso, áreas como o meio ambiente e os direitos humanos têm sobre si o escudo protetor dos princípios fundamentais que devem reger o ordenamento social, na sociedade contemporânea. Exigem a intervenção conscienciosa da cidadania. Esta está cada vez mais convencida de que o desenvolvimento ou é sustentável ou se torna uma bomba de efeito retardado para as gerações que nos hão de suceder.

O fato é que a política do Ceará, na área ambiental, está sendo vista com apreensão pelos defensores do desenvolvimento sustentável em todo o País.

Autor: Editorial do jornal O Povo

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>> CHUVA: O CASTIGO QUE VEM DO CÉU PARA O DESLEIXO QUE REINA EMBAIXO

Continuamos sob o impacto da catástrofe provocada pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro. O elevado número de mortos e desaparecidos coloca-nos em estado de alerta. As cidades serranas seguiram o modelo da maioria das cidades e também cresceram de forma desordenada. A ocupação irregular do solo explica em parte o número de vítimas da tragédia. No caso da região serrana, pobres e ricos foram penalizados pelo abuso histórico ocasionado pela ocupação irregular.

O êxodo rural transferiu enorme percentual da população do campo para as cidades, que cresceram desordenadamente e engoliram espaços à sua volta, destruindo o potencial paisagístico e comprometeram a dinâmica da natureza. Em pouco tempo, o caos se instalou. Além da precariedade da infraestrutura urbana, os serviços deficientes pioram a situação, seja esgotamento sanitário, drenagem, seja produção de lixo ou destino dos resíduos sólidos. Rios, mares e lagoas são poluídos e assoreados e as inundações são frequentes, sendo os mais pobres as vítimas preferenciais.

Pagamos hoje por erros históricos. O crescimento urbano enriqueceu muita gente com o uso especulativo do solo. Especulador não respeita nada. Áreas inadequadas transformam-se rapidamente em enormes bolsões demográficos. O sonho do acesso à moradia consorciado com a frágil noção de direito implicou na expansão da malha urbana e na formação de manchas periféricas em forma de favelas, loteamentos clandestinos e conjuntos habitacionais precariamente instalados.

No Nordeste, longos períodos de estiagem são interrompidos por cheias catastróficas. As chuvas chegam, trazem o esperado “inverno”, suavizam a paisagem. Nas cidades, quando em demasia, encharcam o solo já extremamente impermeabilizado com edificações e asfalto. O resultado surge em forma de inundações, causando enormes prejuízos.

No Ceará, as chuvas já faziam estragos bem antes do domínio das teses pautadas no pressuposto das mudanças climáticas. Fortaleza sofreu várias inundações, inclusive a de 1974 quando a cidade não tinha a mesma extensão de hoje e era mais comedida em relação à ocupação de lagoas, dunas e leitos de rios. As cheias do Maranguapinho/Ceará, Cocó, Maceió assustam, maltratam e matam.

Nossas cidades cresceram muito. Não falo só de Fortaleza, pois quase todas avançam sobre áreas inundáveis. Nas serras úmidas, principalmente no Maciço de Baturité, a aguçada especulação imobiliária destrói o pouco que resta da mata original. Na mídia, vemos cenas de angústia e medo a exemplo das catástrofes do Rio e das inundações na cidade de São Paulo. Não devemos esquecer as cenas dramáticas de Palhoça (SC), do Morro do Bumba em Niterói, de Angra dos Reis e da Ilha Grande.

O Governo Federal tramita a “Lei de Responsabilidade Territorial”. Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, “a ideia é construir um novo regramento para disciplinar o uso e ocupação do solo”. Cabe-nos ficar atentos aos abusos em remoções e reassentamentos e aos perigos da criação de novas periferias e do aumento das desigualdades.

Fortaleza tem muito que fazer para se preparar e enfrentar as esperadas chuvas. Elas trazem o verde e a alegria. No pacote chegam as cheias e inundações que maltratam, assustam, matam. 


Autor: José Borzacchiello da Silva, Geógrafo e professor da Universidade Federal do Ceará - Título modificado pelo Blog. (Título original "chuvas") 

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