quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O GOVERNO, A PM E A JUSTIÇA.

Com atraso de um ano, o governador do Estado, Cid Gomes (PSB), mandou investigar um tenente da Polícia Militar, Jairo da Silva (de sugestivo apelido “Jairo Robocop”), que comandaria uma gangue armada para proteger comerciantes e “produtores” de CDs piratas. O tal militar, que ostenta o título de “bacharel em segurança pública” em seu cartão de visita, já é conhecido dos órgãos de controle interno da segurança.

Quando ainda era cabo, foi expulso da Polícia Militar, acusado de envolvimento com falsificação de documentos. Mas a Justiça mandou reintegrá-lo e promovê-lo a tenente. No dia 25 de janeiro do ano passado, o então secretário da Segurança, Roberto Monteiro, enviou um ofício ao comandante da PM, coronel Willian Rocha, mandando investigar o militar. Segundo o ofício, o tenente se dedicava “ao lucrativo afazer de extorquir e vender proteção a comerciantes e vendedores de CDs e DVDs piratas”.

Por que nada foi feito? Boicote ao antigo secretário? Corporativismo? Comodismo? Seja o que for, no serviço público isso tem um nome: prevaricação. Está no artigo 319 do Código Penal: “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa”.

Agora, passados 365 dias – somente depois do O POVO ter tornado público o assunto –, o próprio governador ordena a criação de um Conselho de Justificação para julgar o tenente, podendo a pena - caso lhe caiba culpa - chegar à expulsão, que seria a segunda.

Três coisas: a) o governador teve acesso ao ofício destinado ao comando da PM, um ano atrás? Se teve, está na mesma situação do comandante da PM; b) espera-se que a ação da PM no Centro não tenha o mesmo destino daquela iniciada contra o Jogo do Bicho; c) caso o tenente venha a ser expulso novamente da corporação, que a Justiça se detenha em analisar com mais cuidado o caso que, certamente, lhe chegará às mãos.

Autor: Plínio bortolotti, diretor-executivo do grupo O Povo de comunicação.

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